Acústico





O eco de uma palavra
desfez-se em silêncios
ainda gritantes de espanto


Na ponta do lápis


Desenho
palavra
e voo...


Circo


Pra não ter que presenciar o ensaio,
quando o palhaço entra no picadeiro,
eu saio.


Canção de acordar


Passarinho e claridade
aromam de riso e café
o dia que tudo invade...


(in)transparência






o frio na vidraça
e aqui dentro um suspiro
a paisagem embaça...


Parodiando Leminski














Tenho até medo do dia
quando tudo que eu diga
vire pó (e não poesia)


EfeiTo


Acostumou-se tanto a calar
que já começava a gostar 
de pensar silêncios.


Sol (a) posto


Um erro e tudo vai mal.
Entra areia na paisagem
que se acaba em por de SAL ...


Insônia


No escuro castigo
até o silêncio 
grita comigo.


Ltda.


A palavra limitada.
Como eu, sem você. 
Abreviada.


Depois da chuva


Poça na rua. 
Um passo descuida 
e pisa a lua.


A(normal)idade


É mesmo uma anomalia
correr-trabalhar-viver
e ainda pensar poesia!


Tela


Nas cores daqui
persiste a memória
dos sonhos Dali...


Retrato


Uma saudade
que a memória
(e)moldura...


Obviedades


O que vem 
depois do vinho, 
adivinho.


Quatro estações


Outonos invernos 
ainda me verão 
primavera...


Saudade


Olhos de mãe
soluçam ausências 
na Praça de Maio...


Melodia


Gotas de brilho e som.
A chuva lava, alegremente,
o silêncio do jardim...


Tic, tac!





E esse tempo safado
que quando eu mal viro as costas, 
faz tudo virar passado?


É gramático !


Acentos agudos
sobre ideias átonas, 
me deixam a paciência circunflexa.


Trens...





Trilhos do tempo.
Dormentes lembranças 
comboiam saudades...


Colheita


Palavras e atos
são sementes.
Não haverão flores, se_mentes...